Imagens mostram reencontro do líder da oposição bielorrussa com esposa
- 22/06/2025
O opositor bielorrusso Sergei Tikhanovskiy foi um dos 14 presos políticos que foram libertados, no sábado, na sequência de um “pedido” do presidente norte-americano, Donald Trump. A sua esposa Svetlana Tikhanovskaya, que assumiu o papel de opositora durante a sua detenção, partilhou um vídeo do reencontro e confessou ser “difícil descrever a alegria” no seu coração.
"O meu marido Sergei está livre! É difícil descrever a alegria no meu coração", escreveu Tikhanovskaya, na rede social X (antigo Twitter), onde agradeceu a Donald Trump e aos seus parceiros europeus pela libertação do marido.
A opositora lembrou, contudo, que o trabalho ainda não terminou, uma vez que “1.150 presos políticos continuam atrás das grades”.
"Todos eles têm de ser libertados", disse.
No vídeo, ao qual poderá aceder na galeria acima, Tikhanovskiy é visto a sair de um automóvel e a dirigir-se até Tikhanovskaya, que abraça.
A organização não-governamental (ONG) bielorrussa Viasna publicou imagens de Sergei Tikhanovskiy após a libertação, que mostravam o opositor de 46 anos, bloguista e apresentador de um canal popular no YouTube, de cabeça rapada e corpo magro, ainda que sorridente.
A libertação ocorreu poucas horas depois de as autoridades bielorrussas terem anunciado que o presidente Alexander Lukashenko se tinha encontrado com Keith Kellogg, enviado de Donald Trump para a Ucrânia, naquela que foi a primeira visita em anos de uma autoridade norte-americana de alto nível à Bielorrússia, tradicional aliada da Rússia.
Recorde-se que Tikhanovskiy foi detido em maio de 2020, pouco antes de uma eleição presidencial marcada por manifestações históricas da oposição, seguidas de uma grande repressão conduzida por Lukashenko.
Lukashenko, no poder desde 1994, ganhou oficialmente as eleições, com 80% dos votos. Dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se durante semanas contra a sua reeleição, denunciando uma fraude maciça. Contudo, as autoridades esmagaram o movimento com milhares de detenções, torturas e pesadas penas de prisão.
Tikhanovskaya foi obrigada a exilar-se sob a pressão das autoridades e Tikhanovskiy foi condenado a 18 anos de prisão por "organização de motins" e "incitamento ao ódio", e depois a mais 18 meses por "insubordinação".
Entre os outros 13 presos políticos libertados estavam um jornalista da Rádio Europa Livre, um professor universitário, um empresário e um ativista anarquista, de acordo com a Viasna, que também é perseguida pelas autoridades.
A cidadã sueco-bielorrussa Galina Krasnyanskaya, presa em 2023 sob a acusação de apoiar a Ucrânia, também foi libertada, anunciou o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson.
Importa salientar que muitos outros dissidentes continuam detidos nas prisões bielorrussas, entre eles o Nobel da Paz Ales Bialiatski, fundador da Viasna, que cumpre uma pena de 10 anos de prisão por financiamento de ações contra "a ordem pública", assim como Viktor Babaryka, ex-banqueiro que, em 2020, era tido como o principal rival eleitoral de Lukashenko, e ainda Maria Kolesnikova, aliada próxima de Tikhanovskaya e líder dos protestos em massa daquele ano.
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